quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

The Nuts and Bolts of Meditation - Parte VII

MEDITAÇÃO PARA A SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Sobrevivemos até este momento porque fomos capazes de nos adaptar a um ambiente em permanente mudança. Sabemos que o nosso cérebro cresceu, ao longo do tempo, como parte do processo de adaptação. No início, as mudanças foram relativamente lentas, e o cérebro teve tempo para deixar de lado velhos padrões à medida que novos e mais produtivos padrões se desenvolviam. Mas nos últimos 100 anos lançámo-nos num ambiente físico que contém uma quantidade esmagadora de informação sensorial, a qual deve ser processada pelo cérebro 24 horas por dia, 7 dias por semana! Estamos “ligados” de uma forma que os adultos da geração anterior à nossa nem supunham que seria possível. Desde o momento que acordamos temos acesso às notícias, ao e-mail, ao SMS, aos jogos de computador, ao entretenimento televisivo, que mantêm o nosso cérebro num modo de processamento acelerado durante todo o dia. O nosso cérebro é uma máquina electroquímica, por isso está a consumir energia e a produzir desperdícios durante todo este processo.

A meditação é o processo de diminuir a actividade cerebral, centrando a sua atenção num único e simples objecto. Meditar permite ao cérebro entrar num modo de “afinação” em que os desperdícios são removidos, e os recursos reabastecidos. Os resultados físicos da meditação estão bem documentados. A prática prolongada pode expandir a nossa consciência de formas já amplamente constatadas, mas nunca devidamente explicadas. Tentaremos aqui esclarecer alguma dessa confusão à medida que progredimos. Os “resultados” desejados da meditação variam, e também disso falaremos. Mas primeiro uma olhadela aos benefícios físicos da meditação.

Imagine que está a conduzir o seu carro a caminho de casa, depois de um longo dia de trabalho, numa estrada com muitos engarrafamentos. Está rodeada por outros veículos, e tem de ter os vidros fechados e o ar condicionado ligado por causa dos fumos de escape que estão por todo o lado. O seu carro consegue aguentar estas dificuldades, e você também. Mas nenhum dos dois foi concebido para ser usado assim.

O motor do carro foi desenhado para um melhor desempenho em caminho aberto, e neste engarrafamento está a entupir-se com combustível não consumido, algum do qual sai pelo tubo de escape e contribui para a atmosfera já de si muito poluída. A velocidade é mínima, e o motor tem dificuldades em manter-se fresco. Usamos os travões mais vezes por minuto do que faríamos durante um dia inteiro a conduzir em auto-estrada! Chegamos a casa, estacionamos o carro e entramos. Na manhã seguinte, recomeçará o suplício. Em pouco tempo, este carro vai precisar de uma revisão. Mas numa certa noite decidimos sair da cidade depois do trabalho. Chegámos finalmente a uma estrada sem tráfego, a direito por entre os montes. Relaxamos, desligamos o ar condicionado, descemos as janelas e aceleramos tranquilamente. Os hidrocarbonetos não consumidos no ciclo do pára-arranca começam a sair, e o motor parece quase “ronronar” de satisfação.

Este é um exemplo vulgar, mas que nos dá uma ideia do que acontece nas primeiras etapas da meditação. Quando começamos a meditar, tiramos o nosso cérebro do modo caótico de processamento de informação tipo “pára-arranca”, e damos-lhe as condições para que possa seguir tranquilamente por uma “super-auto-estrada” mental. Quando fechamos os olhos e nos concentramos simplesmente em relaxar, os padrões cerebrais alfa, beta e teta inicial começam a aumentar. Os resultados físicos são um aumento dos níveis de noradrenalina, serotonina e beta-endorfina, e um decréscimo dos níveis de lactato no sangue (que estão directamente associados ao stress).

Com a meditação, também a resolução de problemas e o acesso a novas ideias se tornam mais fáceis. Quando o cérebro está ocupado a processar o “ruído informativo” do quotidiano, não há lugar para pensamentos novos ou criativos. Os artistas e poetas chamam-lhe “inspiração”. Albert Einstein e Thomas Edison, entre outras grandes mentes da Humanidade, praticavam algum tipo de meditação. Quando confrontado com um problema que não conseguia resolver, Edison tirava algum tempo para uma sesta na poltrona do seu escritório. (A “poltrona da sesta” ainda pode ser vista no Museu Edison.)

As pessoas que praticam meditação regularmente parecem e sentem-se tipicamente 10 ou 15 anos mais jovens do que as outras pessoas da sua idade. Proporcionar à mente uma “pausa” frequente e deixar que o nosso cérebro faça as auto-reparações de que necessita diariamente pode fazer toda a diferença. Bastam 15 ou 20 minutos, de preferência duas vezes por dia, para dar ao corpo e à mente uma boa “revisão”!

A meditação com vista à melhoria do estado físico e emocional é fácil de praticar. Trata-se de um processo muito simples, sem elaborados “passes de mágica”. Se você é daquelas pessoas que se sente muito mais desperto e concentrado depois de uma pequena sesta, então é provável que já esteja a utilizar esta forma de meditação: trata-se apenas de um “ciclo de sono” curto, praticado durante o dia. Basta seguir estes passos:

1. Defina um horário!

É fundamental que combine consigo próprio um momento diário para a meditação, sabendo que este deve durar aproximadamente 20 minutos. Aquilo que fazemos regularmente cria no cérebro padrões de memória processual, e queremos que a meditação se torne um hábito de modo a que a memória processual nos comece a preparar para esse momento ainda antes de ele acontecer. Se é adepto da sesta, sabe que começa a sentir-se ensonado mais ou menos àquela hora, todos os dias. Por outro lado, se nos convencemos que iremos meditar quando tivermos tempo, é provável que isso nunca chegue a acontecer.

O mais importante é estabelecer um horário, um padrão de meditação. Com isso, a nossa mente começa a preparar-se antecipadamente. Aliás, muitos praticantes regulares de meditação dizem sentir necessidade disso, como se sentissem falta de comer se não conseguissem almoçar à hora a que habitualmente o fazem.

2. Crie um espaço para a meditação.

Deve encontrar um espaço sossegado, onde sabe que não será incomodado; um local sem telefones, sem agitação. No início, esta será uma necessidade imperativa, mas à medida que se desenvolve a capacidade de meditar torna-se possível fazê-lo em qualquer lado.

3. Sente-se ou deite-se numa posição confortável.

Esta é a única forma de meditação que pode ser praticada na horizontal. Quando nos deitamos, sentimo-nos naturalmente sonolentos, o que é óptimo se se pretende uma revigoração física e mental.

4. Escolha um alvo de meditação.

Nesta forma de meditação, podemos concentrar-nos num momento feliz, num lugar tranquilo, ou em qualquer coisa que nos traga sensações agradáveis. Não é problema em divagar de pensamento em pensamento, desde que isso não signifique emoções negativas. A concentração em pensamentos positivos leva a que o cérebro “relaxe”, alterando a sua frequência predominante para alfa, beta e primeiras etapas de teta.

Tente não ser desviado pela tentativa de resolução de problemas. Quinze minutos de “condução livre” na “auto-estrada” alfa, uma ou duas vezes por dia, produz todos os benefícios que pode esperar da meditação, nomeadamente:

- Aumento da capacidade de concentração
- Manutenção do equilíbrio emocional
- Diminuição dos níveis de stress
- Potenciação do sistema imunitário

Além disso, é importante notar que a prática de meditação ou a utilização de sons binaurais estão associadas a um aumento das capacidades psíquicas. Neste tipo de meditação, essa associação pode resultar apenas num aumento daquilo a que chamamos “intuição”.

A utilização de s
ons binaurais é opcional. Para este nível de meditação, recomenda-se a utilização de sons alfa. Eis um exemplo que pode utilizar:

Ajuste o volume para que seja apenas audível. Os sons binaurais vão estimular e aprofundar os padrões cerebrais alfa.


Experimente e comente!

Adaptado de: The Nuts and Bolts of Meditation

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tarot - XI. A Justiça

O melhor e mais seguro é manter o equilíbrio na vossa vida, reconhecendo que existem grandes poderes à nossa volta e dentro de nós. Se conseguirdes fazer isso, viver dessa forma, sois realmente um homem sábio.

Euripedes (Escritor Grego, 480 - 406 a.C)

Ordem não é a pressão imposta pela sociedade ao indivíduo, mas o equilíbrio que ele consegue estabelecer dentro de si mesmo.

Jose Ortega y Gasset (Filósofo Espanhol, 1883 - 1955)


Símbolos Básicos

Uma figura humana segura a balança numa das mãos (normalmente a esquerda), e a espada erguida na outra. Em alguns baralhos surge de pé, noutros sentada numa espécie de trono, muitas vezes com os olhos vendados.

A Viagem do Louco

O Louco procura um novo caminho, uma nova aspiração e inspiração para a sua vida. Sentado numa encruzilhada sem saber que caminho tomar, repara numa sábia senhora cega que escuta a discussão de dois irmãos sobre uma herança. Eles procuraram-na para que julgasse o seu caso. Um dos irmãos recebeu toda a herança, ou outro ficou sem nada. “ Peço que tudo me seja restituído”, exige o irmão pobre, “não só porque tenho mais direitos, mas também porque não serei perdulário como o meu irmão!”. Mas o irmão rico protesta: “É meu por direito e é isso que interessa, não como vou gastá-lo!” A mulher ouve atentamente, e no final atribui metade da herança do irmão rico ao irmão pobre. O Louco pensa que foi a decisão mais justa, mas nenhum dos irmãos está satisfeita: o rico detesta ter de perder metade da sua riqueza, e o pobre acha que devia ter ficado com tudo.

“Foste justa” diz o Louco à mulher, após a partida dos irmãos. “Sim, fui” responde ela, com simplicidade. “Com apenas metade da herança, o irmão rico deixará de ser tão perdulário. E o pobre terá tudo aquilo de que precisa. Embora não o possam ver agora, esta decisão foi a melhor para ambos.”

O Louco reflecte um pouco naquilo que ouviu, e começa a vislumbrar um novo rumo para a sua vida. Percebe que até agora só se preocupou em conquistar bens materiais para satisfazer ambições mundanas, deixando definhar o seu lado espiritual porque não estava disposto a fazer os sacrifícios necessários para o alimentar. Agora, ele sabe que tem de percorrer o único caminho que ainda não percorreu de modo a restaurar o seu equilíbrio interior. Agradecendo à mulher, afasta-se com um novo propósito: é tempo de restabelecer a igualdade na sua balança interior.

Notas interpretativas

A carta da Justiça é regida pelo signo de Balança, e fala do equilíbrio frio e racional. É ela que diz ao Querente que não pode continuar a fumar ou a beber sem que isso tenha consequências na sua saúde (p.ex.). A Justiça aconselha a cortar com o desperdício, insiste para que o Querente faça tudo o que for necessário para restaurar o equilíbrio físico, emocional, social, espiritual. Num sentido mais prático, esta carta sinaliza um processo legal, documentos, ajustes numa parceria ou casamento. O resultado de tudo isto pode não ser aquele que o Querente deseja, mas será sem dúvida o mais justo. Além disso, apela à honestidade, à responsabilidade, à decisão ponderada e à aceitação das consequências dos próprios actos.

Enquanto 11º Arcano Maior, a Justiça marca a transição do mundo físico (primeiros 10 Arcanos Maiores) para o mundo metafísico (próximos 10 Arcanos Maiores). É como se ambos os mundos se equilibrassem na sua balança, e a sábia mulher nos dissesse que temos andado a passar muito tempo num deles, que está na altura de nos dedicarmos ao outro. É importante reter que a carta da Justiça não trata de castigo, do que é bom ou mau, certo ou errado. Tratam-se apenas de ajustes. A espada sugere que isso nem sempre será agradável, mas é preciso fazer o que for necessário (mesmo que seja difícil, penoso) para (re)conquistar o equilíbrio.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Imbolc - A Festa de Brigid


"I honor Thee, Maiden, most blessed Bride
As your candle burns through this night
And thank you for the renewed life you offer us all
As you emerge from the dark to the light."



Excerto de um ritual de Imbolc, por Akasha



O Imbolc é um festival de origem celta que se comemora no meio do Inverno. A data mais consensual varia entre 1 e 2 de Fevereiro, mas algumas correntes do revivalismo celta acreditam que se deva celebrar na primeira Lua Cheia em Aquário (este ano, em 22 de Janeiro), ou na noite em que o Sol atinja os 15 graus desse signo (4 de Fevereiro). O termo Imbolc (pronuncia-se IM-bulk ou EM-bowlk) deriva de “oimelc”, que em Gaélico significa “leite de ovelha” (nesta altura começam a nascer as primeiras crias do ano).

Com origens irlandesas, este Sabbat é dedicado à Deusa Brigid, a guardiã do fogo sagrado que no início de Fevereiro traz à Natureza os primeiros sinais da Primavera que se adivinha. É o momento certo para comemorar o retorno do Sol acendendo velas em todas as divisões da casa, e pedir bênçãos para as sementes e ferramentas agrícolas. A tradição cristã associa-o a Nossa Senhora das Candeias. É ainda um festival muito comemorado na Irlanda, onde várias tradições se têm mantido ao longo dos tempos. Diz-se que na noite do Imbolc a deusa Brigid caminha sobre a Terra, por isso cada membro de uma família deve deixar uma peça de roupa do lado de fora da porta, para que Brigid o abençoe. O chefe da família acende uma fogueira, cujas brasas são depois aplanadas. Na manhã do dia seguinte, as cinzas são observadas em busca de algum sinal de que Brigid tenha por ali passado. Outra tradição do Imbolc é simbolizada pelo arado. Em algumas regiões anglo-saxónicas, este é o primeiro dia em que a terra deve ser arada para preparar a sementeira. Um arado decorado é levado de porta em porta por crianças disfarçadas que pedem comida, bebida ou dinheiro (terá origem no Imbolc o trick-or-treat que hoje se observa no Halloween), e que prometem arar os jardins daqueles que se mostrarem mais avarentos. O arado pode ainda ser “baptizado” com whiskey, e deixado ao ar livre com pedaços de pão e queijo como oferenda aos espíritos da Natureza.

Na Wicca, Brigid é a Deusa Mãe, que agora a alimenta o Filho-Sol a quem recentemente deu à luz (no Yule). No entanto, ela voltou também a ser virgem e deambula no Mundo Subterrâneo, preparando-se para devolver a fertilidade e a abundância à terra. As celebrações neo-pagãs do Imbolc servem por isso como um convite à Deusa, para que volte a viver no nosso Mundo e sobre ele espalhe as suas bênçãos. Esse convite pode ser feito por uma pessoa só ou por um coven, com velas acesas, fogueiras, cânticos, danças ou oferendas. Este é o momento certo para reacordar o espírito que se deixou adormecer pelo Inverno, purificando-o e iniciando-o nas práticas wicca ou reafirmando a sua ligação à Deusa e ao Deus.